Objetivos

A computação exerce fascínio sobre o público jovem, tendo em vista o seu caráter já pervasivo, principalmente ligado à comunicação e ao entretenimento. Entretanto, tal manifestação não parece se concretizar de forma igual, no que diz respeito ao gênero, quando da escolha profissional destes jovens. Em Computação, como também nas Engenharias de forma geral, o público ingressante é majoritariamente masculino.

 

Tendo em vista o avanço ocorrido nas últimas décadas, em que a mulher passa a ocupar cada vez mais posições no mercado de trabalho, indaga-se com frequência sobre a razão do descarte das áreas tecnológicas do leque de escolhas profissionais da mulher. As respostas, em geral, convergem para o fator cultural e, particularmente, a persistência de mitos de que tais áreas são de árdua atuação, exigindo uma 'frieza de raciocínio' que é culturalmente caracterizada como tipicamente masculina; em outras palavras, porque não é ligada à caracterização tradicional de que a mulher é uma 'cuidadora' e seu sucesso profissional será maior na medida em que sua atividade exija tais atenções 'femininas'.

 

Tais falácias só podem, no nosso entender, ser demovidas da cultura em um processo contínuo de educação, apresentando de forma adequada informação para que jovens possam decidir se querem ou não seguir carreiras que envolvam tecnologia.

No ano em que a primeira mulher assume o cargo de chefia do Executivo Federal em nosso país, março tornou-se o 'mês da mulher', com campanhas em prol da igualdade de gênero sendo veiculadas nas diversas mídias. Em uma das peças, veiculada na televisão, uma menina diverte-se com vários brinquedos que remetem a profissões onde é predominante a presença masculina; ao mesmo tempo, a narradora discorre sobre as possibilidades profissionais daquela criança que

(...) ainda não sabe, mas, se quiser, pode ser engenheira, pode ser cientista ou jogar futebol (...) ela ainda não sabe, mas o que importa é que no Brasil de hoje, ela tem a oportunidade de ser o que quiser [sepm2011].

 

A campanha parece ser indício da intenção do Estado Brasileiro em atuar na promoção da equidade de gênero, fazendo desta uma das bandeiras para a redução de desigualdades sociais.

Entretanto, as diferenças de oportunidade no mercado de trabalho ainda são gritantes, em conformidade com os órgãos de estatística governamentais: as mulheres representam 51% dos mais de 190 milhões de habitantes no país [censo2010]; destas 53,6% estão em idade ativa, mas somente 35,5% estão atuando no mercado formal de trabalho [pme-mar-2011]. Interessantemente, o percentual de mulheres ocupadas com nível superior completo (19,6%) é maior do que o da parcela masculina (14,2%). Mais interessante ainda, em geral, independentemente do nível de escolaridade, o ganho anual da mulher é de 70% do rendimento recebido por homens [pme-mar-2011].

A análise da situação nacional é ilustrativa do muito a ser feito para a implementação de quaisquer políticas públicas que visem alterar a atuação da mulher no mercado de trabalho. Nas áreas tecnológicas, o gap parece ser muito maior, mas, até onde vai o nosso conhecimento, poucos são os estudos específicos sobre o tema. Na Computação, nosso objeto específico, os dados são raros no contexto mundial.

No Brasil, as pesquisas sobre a atuação da mulher na área tecnológica são ainda mais raras. Em contraste com o que acontece em áreas como Educação e Saúde, os dados são quase inexistentes, sendo normalmente divulgados em encontro de temática específica, realizado anualmente pela Sociedade Brasileira de Computação (Women in Technology - WIT). Entretanto, estes encontros tiveram seu início recentemente, em 2007, evidenciando as dificuldades para o estabelecimento da discussão sistematizada do tema.

As contribuições até o momento apresentadas são, entretanto, de enorme relevância (ver [cb-sbc2008], por exemplo). Dos relatos apresentados no WIT de 2010, destaca-se a proposição da realização de oficinas junto ao público-alvo, com palestras sobre a profissão e, em especial, com a participação de mulheres que já atuam nesta área. Se parece consensual que a diminuição das diferenças dar-se-á pelo incentivo à Educação formal, um primeiro passo é entender qual tem sido a evolução destas populações nos cursos de nossas áreas e, além disso, promover a divulgação de informação de qualidade que facilite a tomada de decisão em relação à carreira e estudos por parte da jovem que entrará no mercado de trabalho e que se qualificará para tal através dos estudos no Ensino Superior.

Este projeto visa colaborar com as iniciativas discutidas no âmbito nacional, promovendo ações junto às escolas de ensino médio do Distrito Federal.

São objetivos gerais do projeto:

  1. Fornecer informação de qualidade sobre a atuação profissional em computação;
  2. Incentivar a reflexão sobre a pouca atuação da mulher nas áreas tecnológicas;
  3. Obter dados sobre o processo de escolha profissional das jovens do Ensino Médio;
  4. Promover a experimentação com atividades lúdicas em computação, apresentando sua relação com as atividades a serem desenvolvidas por profissionais destas áreas.

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