( Entrevista dada à poesia fã clube )

 

QUEM É O JOÃO MURTY?  Vamos lá então falar de João Murty! É um nativo de Lagos, desde cedo encarou a vida com grande responsabilidade. Foi trabalhador estudante, graduou-se em direção hoteleira - Estoril, tendo concluído a pós - graduação em gestão integrada - Universidade Internacional de Lisboa e a pós - graduação em gestão e análise de projetos.

Ao longo da sua atividade profissional integrou o concelho fiscal de várias empresas e exerceu cargos de direção e administração em hotéis e grupos turísticos-hoteleiros. Cumulativamente esteve ligado à área do ensino e formação (tendo lecionado no CFA – Pontinha, a disciplina de planeamento e controlo), e, à area de consultadoria onde desenvolveu vários trabalhos no âmbito de estudos, projetos e diagnósticos de investimento. O lado humano das coisas, a solidariedade e a justiça, levaram a abraçar com coragem e inconformismo, alguns projetos difíceis. No período de 1993 a 1998, na qualidade de diretor geral teve intervenção relevante no processo de recuperação e viabilidade do Grupo Torralta – CIF, que veio a ser adquirido pelo Grupo SONAE. 

A Torralta naquele tempo era o maior grupo turístico-hoteleiro (com unidades/ativos na Serra da Estrela, Troia, Lisboa, Alentejo, Algarve), chegou a empregar mais de 1.500 trabalhadores. Por fatores endógenos e exógenos, a Torralta foi um marco na vida pessoal do João Murty, não só pelo grau de dificuldade que a empresa atravessou, decorrente das situações vividas, mas também pelas questões humanas que se geravam no dia a dia.

Em termos de gostos! O João Murty gosta de futebol, golfe, mar, de uma boa conversa com os amigos e do seu próprio espaço para escrever. Em relação à vida, entende que é uma caminhada num processo cíclico de evolução. E que tudo é efémero, nada mais prevalece para além da aprendizagem dessa caminhada

 

O QUE SENTIU AO VER OS SEUS LIVROS PUBLICADOS?  Não obstante ter alguma experiência ao nível do mediatismo, por força da atividade profissional (duas ou três entrevistas em direto no telejornal; mesas redondas sobre turismo/semanário económico; alguns artigos escritos em revistas e jornais; algumas sebentas de especialidade; homenageado/atribuição da placa carreira pela Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal; homenageado pela Casa do Pessoal do Hospital de Vila Franca de Xira), confesso que me emocionei, quando vi o meu 1º livro de poemas “Almas de Mar – Marés de Sal”, não foi tanto pelo livro, mas sim o que ele representava para mim, porque o mesmo nasceu de uma promessa contraída com alguém ausente, mas sempre presente. Catarina, a diva poetisa, que cedo parti-o do seio da minha vida. Vive e viverá sempre comigo, habitando na minha alma e por ela reacendo a chama quando escrevo, mastigando letras por entre saliva de tinta decantada na vida e na morte.

No que concerne aos livros e à poesia. Já tive a oportunidade de mencionar, não me canso de referir o papel da poesia fã clube neste desiderato, nunca esquecerei o meu primeiro livro. Se a poesia tem vindo a ganhar algum espaço num mercado débil, a editora na sua atividade e missão tem sido um verdadeiro catalisador para a mudança desse paradigma.

 

O QUE É PARA SI A POESIA E QUAL SUA IMPORTÂNCIA EM SUA VIDA?  A poesia existe porque a vida não acaba, ela é a voz da alma, a partilha do mistério que transforma uma sequência de palavras na conjuração das asas para transpor abismos. Sensibiliza e ajuda qualquer ser humano a compreender as ideias e os pensamentos dos diferentes ciclos de vida, porque esta não termina no túmulo. Fosse a morte o fim da vida e sem sentido seria o universo, a criação se esmaeceria e o ser pensante estaria destituído de finalidade. Quando necessito de estar só refugio-me na poesia, em cada poema que escrevo me ausento e saio por aí à procura de quem não sou, para me encontrar novamente.

 

TEM FEITO UM TRABALHO NOTÁVEL A NÍVEL DE DUETOS COM OUTROS MEMBROS DO PFC, FALE-NOS UM POUCO SOBRE A IDEIA...  Quando se fala em duetos, a primeira ideia que nos vem à cabeça, por um lado, é que os mesmos poderão ter algum interesse apenas para declamar em sessões/tertúlias de poesia, estilo jogral. Por outro, é que um dueto escrito/plasmado num livro, pode retirar impacto ao poema em si pela dimensão que pode apresentar. Eu não comungo com estas ideias, quando convidei alguns colegas para os ditos duetos (tendo em conta alguns aspetos de qualidade) o objetivo era não só fazer algo diferente, mas também, obter comutativamente uma recordação de alguns amigos (uns virtuais, outros não). Por isso imaginei o livro de duetos com fotos dos intervenientes e alguns aspetos/biográficos marcantes. Uma obra, uma morada que se eternizará por longo tempo. Ao desfolharmos o livro, ao vermos os autores, associamos os poetas e poemas que serão levados pela intemporalidade dos sentimentos sempre que um novo dia quiser acordar e nas palavras quisermos adormecer. E é essa relação de união, cumplicidade, diversificação de sentimentos e escrita que fará a diferença no livro.

 

DÊ-NOS UMA SUGESTÃO PARA O POESIA FÃ CLUBE... Esta é uma ideia (duetos nestes moldes), acredito plenamente que poderá vingar. Note-se que um dos aspetos bastante positivos na poesia fã clube é a interação existente entre os membros da comunidade, o que potencia a possível ligação/entendimento. A tónica nunca por nunca, deve ser a competitividade, mas sim, a feitura de um bom livro que marque a relação entre as pessoas e a poesia.

 

OBRAS MARCANTES ... Gosto muito de ler! Eça, Dantas, Pessoa, Florbela, Mário Sá Carneiro, Camões, Poe, Quintana, Drummond, Neruda, José Echegaray, Homero. São autores que  me marcam. FONTE DE INSPIRAÇÃO... O mar, a minha musa e os meus amigos.

 

FILME PREFERIDO... O clube dos Poetas Mortos e a Lista de Schlinder. Pela irreverencia e dimensão humana. CANÇÃO PREFERIDA... Muitas e nenhuma em especial. Gosto de Jazz, Blues, Rock and Roll  música clássica com predileção para Gioseppe Verdi (Aida e Falstaff).

 

JANTAR PERFEITO... Se a minha mulher recuperasse, certamente seria a companhia perfeita para um jantar no Restaurante Furnas da Ericeira, cuja ementa se sugere porque vale a pena.

ENTRADA - Figos de Pita envoltos em fios de presunto da SardenhaPRATO PRINCIPAL- Cataplana de Lavagante; SOBREMESA - Sorvete de lima : VINHO TINTO - Cartuxa , reserva de 2007 ; DIGESTIVO - Café e um balão de whisky Cardhu

 

Obrigado João Murty, pela  participação  no nosso fórum. Parabéns e felicidades para a sua atividade literária

 

 

 

 

 

 


João Murty poeta e escritor de Lagos